Refletindo sobre o papel da História assim penso, de comum acordo: a História positivada, aquela que se baseia em fatos, documentos comprobatórios assim se constitui de forma exata e objetiva. Vendo a História apenas por esta face, concluímos que é uma ciência exata e contra tais fatos não existem argumentos e, se porventura existirem, que se prove sua veracidade por via oficial.
Porém, a beleza desta ciência é não residir na unilateralidade, no centrismo desfocado da verdade absoluta. A História é multifacetada e humana, sim, pois estuda as relações humanas e ação do homem modificando, criando e revolucionando o meio onde vive e direta ou indiretamente o seu planeta através de fatos. E é por isso que a História jamais pode assumir caráter fixo, imutável, inexorável, porque é uma ciência de homens. O homem é o agente social, ele que provoca a mudança. Quão belo é o ser humano, cheio de contradições, ser antitético, servidor simultâneo do bem e do mal, semeador do bem, pregador da paz, criador de prodígios, capaz de matar, fazer a guerra e destruir nações.
A verdade é que o homem, como agente social, desconhece sua capacidade. É impossível conceber que, por exemplo, Gandhi imaginasse que seu nome seria lembrado por todas as gerações; ele queria tão somente mudar sua realidade social em face às injustiças colonialistas vigentes à sua época, transformou-se em mito, em ser exemplar, em herói. Os próprios homens da sua época não imaginavam a repercussão que tudo aquilo causaria, não acreditavam ou estavam incapacitados de enxergar a História acontecendo, o fato social transformador e a revolução.
Por isso, o homem é incapaz de compreender que ele faz a História. Pois quando surge alguém que causa impacto, que “dói no olho”, que diz o que ninguém ouviu até então, que faz o que ninguém fez, ou pensa em algo que alguém jamais pensou, este é combatido, repelido, e o valor existente na sua atitude ou pensamento de outrora só é lembrado adiante, por aqueles que então o compreendem. Assim, afirmo, a História é feita de homens. Mas acima de homens, ela é feita por vanguardistas, pessoas que estão à frente de sua época e comungam com a sociedade que está por vir, porém esta nova sociedade somente virá, com o fato modificador daquele homem. Os grandes gênios, os grandes homens desta humanidade foram tidos como idiotas; em contrapartida, os grandes idiotas, como gênios. Os que pregaram o bem, a paz, a igualdade, a justiça, a liberdade, a fraternidade foram calados mediante a força, a inveja, os interesses mesquinhos, a intolerância e, sobretudo a ignorância e a burrice. Aqueles que semearam a discórdia, a guerra, a violência e a destruição foram postos no poder, foram líderes de massas e idolatrados por multidões fiéis.
Por fim, vários são os ângulos para se ver e se contar (narrar) a História. Não podemos nos conformar com o fato em si, o fato social é meramente unitário, isolado; o homem é o objeto do estudo, o fato é conseqüente. O homem da História é o vanguardista. Fazer a História é acima de tudo pensar avante. Estudar História é ter paixão pelo o humano. Construamos, pois, o futuro, enraizados no presente e com lembranças do passado.
MATHEUS FIGUEIRÊDO ESMERALDO
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
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